Há dores que não vêm dos acontecimentos em si,
mas da nossa tentativa insistente de controlar o que já mudou.
Tentamos acelerar o que ainda está germinando
ou prender o que já deveria ter partido.
Queremos que a vida siga o nosso calendário,
nossas expectativas,
nossas certezas.
Mas o tempo tem um ritmo próprio.
E quando não o respeitamos,
a alma cansa, o corpo adoece, e o coração se contrai.
A verdade é que muitas dores nascem da tentativa de apressar flores antes da hora,
ou de segurar folhas que o outono já levou.
Nos apegamos ao que já foi
uma fase, um vínculo, um sonho antigo
e ao mesmo tempo, queremos apressar o que ainda não se revelou.
Vivemos no entre: paralisadas entre o passado que já se foi
e o futuro que ainda não chegou.
Mas e se hoje você apenas respirasse com o tempo?
Se acolhesse o presente como ele é, sem exigir que seja diferente?
E se você deixasse ir, com doçura,
o que já não se sustenta?
E caminhasse com fé, mesmo sem entender os próximos passos?
Viver bem não é ter tudo sob controle.
É aprender a dançar com o tempo.
Com as pausas, os ciclos, os silêncios.
Eclesiastes nos lembra com delicadeza:
“Para tudo há um tempo…”
Até para soltar.
Até para esperar.
Até para recomeçar com leveza.