Gostaria de deixar aqui um olhar sistêmico sobre as mulheres de nossa vida. A partir de uma frase que inspirou meu TCC a mais de 15 anos e hoje continua ecoando em mim. Naquela época não imaginava que me tornaria uma terapeuta e Consteladora. Mas, já buscava um olhar sobre o feminino que habita em cada uma de nós. Espero que esse texto inspire vocês a esse olhar amoroso as suas ancestrais, assim como eu olho para as minhas. Queridas ancestrais “Eu vejo vocês!”
Ao longo dos anos, muitas vezes sem perceber, nós repetimos padrões que ecoam as vozes das nossas antepassadas. Como disse Martha Medeiros, em sua sábia observação, “minha bisavó reclamava que minha avó era muito tímida, minha avó pressionou minha mãe a ser mais cética, minha mãe me educou para ser mais lúcida, e eu espero que minhas filhas fujam desse cárcere que é passar a vida transferindo dívidas.”
Essas linhas traçam um quadro vívido dos laços invisíveis que conectam as gerações. Na constelação familiar, olhamos para além da superfície das nossas próprias experiências e mergulhamos nas histórias que moldaram nossos comportamentos e crenças. Cada palavra não dita, cada expectativa não cumprida, cada trauma não resolvido, todos deixam sua marca no tecido do nosso ser e são transmitidos através das gerações, como heranças nem sempre desejadas.
É como se carregássemos uma mala cheia de bagagens emocionais, passando-a de mãe para filha, de avó para neta, até que alguém decida finalmente abri-la e examinar seu conteúdo. A constelação familiar nos oferece a chave para desvendar esses padrões repetitivos e nos libertar do fardo das dívidas não pagas.
Ao compreendermos as dinâmicas ocultas que operam dentro da nossa árvore genealógica, podemos escolher conscientemente que partes do legado familiar queremos honrar e quais queremos transformar. Podemos encontrar em nós mesmos a coragem de quebrar o ciclo, de modo que nossas filhas e futuras gerações possam herdar não apenas nossas virtudes, mas também a liberdade de serem quem são, sem as amarras do passado.
Assim, através da constelação familiar, podemos não apenas curar as feridas ancestrais, mas também tecer um novo destino, onde cada mulher possa florescer plenamente, sem ser aprisionada pelos grilhões do passado.