Hoje, depois da minha sessão de terapia — sim, porque eu também faço terapia —, algo que surgiu quase no final. Minha terapeuta me perguntou como eu me sentia, e eu, sem muito pensar, disse que muitas vezes me sinto sozinha. Ela me ouviu e devolveu: “Nascemos sozinhos e morremos sozinhos.”
Fiquei refletindo sobre isso, mesmo depois da sessão. Senti que ela trazia uma verdade crua, então, lembrei de uma citação completa de Orson Welles: “Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Somente através do amor e das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento, de que não estamos sozinhos.”
Parei para refletir sobre o que significa estar “sozinha”. Sim, de fato, chegamos a este mundo de forma individual, e ao final da nossa jornada, somos nós que enfrentamos a transição para o desconhecido. Mas será que viver sozinha é realmente o que experimentamos no dia a dia?
Na correria da vida, entre os compromissos e as demandas, talvez o sentimento de solidão seja uma constante, especialmente quando o caos da rotina nos desconecta do essencial: de nós mesmas e das pessoas que nos cercam. Mas o que Orson Welles nos lembra é que, mesmo em meio a essa solidão existencial, o amor e as amizades nos oferecem momentos de profunda conexão. Talvez eles sejam mesmo uma “ilusão”, mas uma ilusão que faz toda a diferença.
E é justamente essa ilusão — esse sentir-se conectada através do afeto, da amizade e dos relacionamentos — que nos nutre e nos permite continuar. Pode ser que nascemos e morremos sozinhos, mas entre o começo e o fim, temos o poder de tecer laços, construir vínculos e criar espaços onde, por um momento, a solidão se dissolve.
O que essa reflexão me trouxe foi a compreensão de que, sim, solidão faz parte da vida. Mas também faz parte do processo de autoconhecimento e, ao mesmo tempo, nos impulsiona a buscar as conexões que realmente importam. Afinal, estamos aqui para experimentar o amor, a amizade, a troca. A solidão pode ser inevitável, mas o que fazemos com ela — como escolhemos viver e nos conectar — é o que define como nos sentimos ao longo dessa jornada.
Talvez não possamos evitar a solidão, mas podemos encontrar alívio e significado ao abraçarmos os momentos de verdadeira conexão que a vida nos oferece. E isso, por si só, já transforma a nossa caminhada.